Cuidado Vigilante: diálogo construtivo e responsabilidade relacional em contexto de violência familiar.

Authors

  • Marlene Marra
  • Haim Omer University of Tel Aviv, Israel
  • Liana Fortunato Costa Universidade de Brasília, Brasil

Keywords:

violência, construcionismo social, comportamento de cuidado da criança, família, responsabilidade social

Abstract

Esse texto tem como objetivo apresentar o conceito de Cuidado Vigilante (CV) como uma proposta de intervenção em contextos de violência familiar e como objetivo secundário, refletir sobre o CV como uma forma de aproximação, de um diálogo construtivo das narrativas familiares e suas vivências de abuso sexual, contrapondo a crença ancorada na violência como solução educativa e evidenciando a questão da responsabilidade relacional. O CV consiste em um enfoque psicoeducativo, uma perspectiva teórica e prática que evidencia os efeitos positivos do conhecimento dos pais sobre a vida dos filhos em situação de risco, resultando em confiança e diálogo mútuos. O CV difere das tentativas de monitoramento e busca aumentar a presença dos pais na vida dos filhos.  Essa proposta combina vigilância e presença afetiva positiva dos pais garantindo a segurança da criança ou adolescente em situação de risco, através de sua presença imediata. O Construcionismo Social apresenta-se como uma referência na articulação do CV com as abordagens relacionais e conversacionais para os contextos interventivos.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Marlene Marra

Doutora em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília, Brasil 

Haim Omer, University of Tel Aviv, Israel

University of Tel Aviv, Israel

Liana Fortunato Costa, Universidade de Brasília, Brasil

Universidade de Brasília, Brasil

References

Anderson, H. (2010). Conversação, Linguagem e possibilidades. Um enfoque pós-moderno da terapia. São Paulo: Editora Roca.

Ben-Arieh, A., & Haj-Yahia, M. M. (2006). Geography of Child Maltreatment in Israel: Findings From a National Data Set of Cases Reported to the Social Services. Child Abuse & Neglect, 30 (13), 991-1003.

Bruschini, C. & Ridente, S. (1994). Família, casa e trabalho. Cadernos de Pesquisa, 88, 30-36.

Bakhtin, M. (1981). The dialogic imagination. Holquist Austin: University of Texas Press.

Costa, M. C. O., Carvalho, R. C., Santa Bárbara, J. F. R., Santos, C. A. S. T., Gomes, W., & Sousa, H. L. (2007). O perfil da violência contra crianças e adolescentes segundo registros de Conselhos Tutelares: vítimas, agressores e manifestações de violência. Ciência e Saúde Coletiva, 12(5), 1129-1141.

Cunningham, A. (2009). A escuta de crianças abusadas sexualmente para compreensão do processo de auto-revelação. In L. C. A. Willians & E. A. C. Araújo (Orgs.). Prevenção do Abuso sexual infantil: Um enfoque interdisciplinar (pp.89-103). Curitiba: Juruá.

Deblinger, E., & Helfin, A. H. (1996). Abuso sexual infantil. In F. M. Dattilio & A. Freeman (Orgs.). Estratégias cognitivo-comportamentais para intervenção em crise: tópicos especiais (pp.229-253). São Paulo: Editorial Psy.

Diniz, G. R. S. (2009). O casamento contemporâneo em revista. In T. Féres-Carneiro (Org.). Casal e família: permanências e rupturas (pp. 135-155). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Esber, K.M. (2009). Autores de violência sexual contra crianças e adolescentes. Goiânia: Cânone Editorial.

Faleiros, V. P. & Faleiros, E. S. (2007). Escola que protege: enfrentando a violência contra criança e adolescente. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade.

Gallego, S. U. (2006). Comunicación familiar: un mundo de construcciones simbólicas y relacionales. Manizales: Editorial Universidad de Caldas.

Gergen, K.J. (1999). An invitation to social construction. London: Sage.

Gergen, K.J. (2006). Construir la realidad: el futuro de la psicoterapia. Barcelona: Paidós.

Gergen, K. J. & Gergen, M. (2010). Construcionismo social: Um convite ao diálogo. Rio de Janeiro: Instituto Noos.

Giddens, A. (2005). O mundo em descontrole: O que a globalização está fazendo de nós. Rio de Janeiro: Record.

Habigzang, L. F. & Caminha, R.M. (2004). Abuso sexual contra crianças e adolescentes: Conceituação e intervenção clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Habigzang, L. F. & Koller, S. H. (2011). Abuso sexual contra crianças e adolescentes: Aspectos conceituais e estudos recentes. In L. F. Habigzang & S. H. Koller (Org.). Intervenção psicológica para crianças e adolescentes vitimas de violência sexual: manual de capacitação. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Habigzang, L. F., Streber, F., Corte, F. D., Hattzenberger, R., Cunha, R. C. Ramos, M., & Koller, S. H. (2007). Integrando os cuidadores, a rede e os terapeutas: potencializando a melhora clínica de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. In M. L. P. Leal, M. F. P. Leal, & Libório, R. M. C (Orgs.). Tráfico de pessoas e violência sexual (pp. 263-274). Brasília: Violes/Ser/Universidade de Brasília.

Hoffman, L. (2001). Family Therapy.New York: WWW Norton & Company.

Jablonski, B. (2011). O país do casamento segundo seus futuros habitantes: pesquisando atitudes e expectativa de jovens solteiros. In T. Féres-Carneiro (Org.). Casal e família: conjugalidade, parentalidade e psicoterapia (pp.27-42). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Lebowitz, E. R., Omer, H., Holly. H., & Lawrence, S. (2013). Parent Training for Childhood Anxiety Disorders: The SPACE Program. Cognitive and Behavioral Practice 21(4), 456-469.

Marra, M. M., Omer, H. (2015). : Cuidado vigilante: cambios para familias en situación de abuso sexual. Manuscrito submetido para publicação. Madri: Revista Psychosocial Intervention

McNamee, S., & Gergen, J. K. (Orgs.). (1998). A terapia como construção social. Porto Alegre: Artes Médicas

Ministério da Saúde (2002). Violência intrafamiliar: orientações para prática em serviço (Cadernos de Atenção Básica nº 8, série A). Brasília: Ministério da Saúde.

Moura, A. T. M., & Reichenheim. M. E. (2005). Estamos realmente detectando violência familiar contra a criança em serviços de saúde? A experiência de um serviço público do Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 21(4),1124-1133.

Moura, A. C. A. M., Scodelario, A. S., Camargo, C. N. M. F., Ferrari, D. C. A., Mattos, G. O. & Miyahara, R.P. (2008). Reconstrução de vidas: Como prevenir e enfrentar a violência doméstica, o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. São Paulo: SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social)/SEDES Sapientae.

Omer, H. (1997). Intervenções críticas em psicoterapia: Do impasse ao início da mudança. Porto Alegre: Artes Médicas.

Omer, H. (2004). Nonviolent Resistance: A new approach to violent and self-destructive children. New York: Cambridge University Press.

Omer, H. (2011). The new Authority: Family, school an community. New York: Cambridge University Press.

Omer, H., Schorr-Sapirb. I., & Weinblatt. U. (2008). Non-violent resistance and violence against siblings: the Association for Family Therapy. Journal of Family Therapy, 30, 450–464.

Omer H, Steinmetz S. G., Carthy, T., & von Schlippe A. (2013). The anchoring function: parental authority and the parent-child bond. Family Process, 52(2), 193-206.

Penso, M. A. & Neves, V. L. (2008). Abuso sexual infantil e transgeracionalidade. In M.A. Penso & L. F. Costa (Orgs.). A transmissão geracional em diferentes contextos: da pesquisa à intervenção. São Paulo: Summus.

Ramos, M. C. R. (2010). Mães de meninas vítimas de abuso sexual: aquilo que não se pode dizer. Dissertação de Mestrado não publicada. Universidade Católica de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

Rasera, F. E., Guanes, C., & Japur, M. (2004). Psicologia, ciência e construcionismo: Dando sentido ao Self. Psicologia: Reflexão e Crítica, 17(2), 157-165.

Santos, S. S. (2011). Uma análise do contexto de revelação e notificação do abuso sexual: A percepção de mães e de adolescentes vítimas. Dissertação de Doutorado não publicada. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Santos, V. A., Costa, L. F. & Granjeiro, I. A. C. L. (2009). Intervenção no abuso sexual intrafamiliar: Ingerência invasiva ou proteção devida. Psico, 40(4), 516-524.

Santos, S. S., & Dell’Aglio, D.D (2009). Revelação do abuso sexual infantil: Reações maternas. Psicologia Teoria e Pesquisa, 25 (1), 85-92.

Santos, S. S, Pelisoli, C., Dell’Aglio, D. D. (2012). Desvendando segredos, padrões e dinâmicas familiares no abuso sexual. In L.F. Habigzang & S.H. Koller. (Orgs.). Violência contra crianças e adolescentes: Teoria, pesquisa e prática (pp.55-69). Porto Alegre: Artmed.

Shotter, J. (1993). Conversational realities. Londons: Sage.

UNICEF. (2012a). Situação mundial da infância 2012: Crianças em um mundo urbano. Recuperado em 27 de novembro de 2012, de http://www.unicef.org/brazil/pt/PT-BR_SOWC_2012.pdf.

UNICEF. (2012b). Together for girls: sexual violence fact sheet. Recuperado em 05 de março de 2013, de http://www.unicef.org/protection/files/Together_for_Girls_Sexual_Violence_Fact_Sheet_July_2012.pdf.

Zeira, A., Astor, R. A., & Benbenishty, R. (2002). Sexual harassment in jewish and arab public schools in Israel. Child Abuse & Neglect, 26(2), 149 -166.

White, M. (2002). Reescribir la vida: entrevistas y ensayos. Barcelona: Gedisa

White, M., & Epston, D. (1993). Medios narrativos para fines terapeuticos. Barcelona: Paidós.

How to Cite

Marra, M., Omer, H., & Costa, L. F. (2015). Cuidado Vigilante: diálogo construtivo e responsabilidade relacional em contexto de violência familiar. Nova Perspectiva Sistêmica, 24(52), 77–91. Retrieved from https://revistanps.com.br/nps/article/view/160

Issue

Section

Artigos