Divórcio, recasamento e a relação entre padrastos e enteados: reflexões endereçadas aos terapeutas de família
DOI:
https://doi.org/10.38034/nps.v27i61.415Palavras-chave:
divórcio, recasamento, padrasto, enteados, epistemologia sistêmicaResumo
Com o advento do divórcio, o número de famílias constituídas a partir do recasamento tem crescido significativamente. Padrastos, madrastas e enteados estão cada vez mais presentes no cotidiano familiar. O padrasto ainda é visto com ressalvas no meio social, tanto pelos preconceitos existentes, quanto pelas incertezas sobre sua função na dinâmica familiar, especialmente nas situações em que o pai ainda participa ativamente do cotidiano dos filhos. Neste cenário, o que despertou o interesse para a reflexão descrita neste artigo é a dinâmica familiar configurada a partir da inserção do padrasto. A ideia defendida é que a função paterna e a função de padrasto não precisam entrar em conflito, uma vez que podem conviver dialogicamente, sem se sobrepor, cada uma com suas especificidades e em consonância com as características de cada família. O presente texto busca problematizar os desafios que o terapeuta de família poderá enfrentar no trabalho com famílias recasadas, com ênfase nas particularidades da função do padrasto nesta dinâmica e buscando refletir de que forma o pensamento sistêmico pode colaborar para esse entendimento. Estudos sobre os novos arranjos familiares mostram-se pertinentes, uma vez que o casamento tradicional já deixou de ser a única forma de constituição familiar aceita socialmente.
DOI http://dx.doi.org/10.21452/2594-43632018v27n61a03
Downloads
Referências
Alves, A. P. & Arpin, D. M. (2017). Conjugalidade e os conflitos vivenciados. Pensando famílias, 21(1), 3-19.
Anderson, H. & Goolishian, H. (1998). O cliente é o especialista: uma abordagem para a terapia a partir de uma posição do não-saber. In S. McNamee & K. Gergen (Orgs.), Terapia como construção social (pp. 34-49). Porto Alegre: Artes Médicas.
Andolfi, M. (1996). A linguagem do encontro terapêutico. Porto Alegre: Artes Médicas.
Bernardi, D., Dias, M. V., Machado, R. N, & Féres-Carneiro, T. (2016). Definindo fronteiras no recasamento: relato de uma experiência clínica. Pensando familias, 20(2), 43-55. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S1679-494X2016000200004&lng=pt&tlng=pt
Cano, D. S., Gabarra, L. M., Moré, C. O., & Crepaldi, M. A. (2009) As transições familiares do divórcio ao recasamento no contexto brasileiro. Psicologia: Reflexão e Crítica, 22(2), 214-222.
Capra, F. (1996). A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix.
Carter, B. & McGoldrick, M. (1995). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para a terapia familiar (2ª ed.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Carter, E. (1995). Famílias reconstituídas: a criação de um novo paradigma. In M. Andolfi, C. Angelo, & C. Saccu (Orgs.), O casal em crise (pp. 193-198). São Paulo: Summus.
Cartwright, C. & Gibson, K. (2013). The effects of co-parenting relationships with ex-spouses on couples in step-families. Family Matters, 92, 18-28.
Féres-Carneiro, T. (2005). Entrevista Familiar Estruturada – EFE: um método clínico de avaliação das relações familiares. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Ferraris, A. O. (2002). Filhos de famílias divorciadas e reconstituídas: identidade e história familiar. In M. Andolfi (Org.), A crise do casal: uma perspectiva sistêmico-relacional (pp. 249-263). Porto Alegre: Artmed.
Freitas, N. O. A. (2013). O novo divórcio e o Estatuto das Famílias. Revista Jus Navigandi, 18(3575), 1-4. Recuperado de http://jus.com.br/artigos/24193
Gergen, M. M., & Davis, S. N. (1997). Toward a new psychology of gender: opening conversations. In Toward a new psychology of gender: a reader (pp. 1-27). New York: Routledge.
Guimarães, N. V. O. & Amaral, A. C. (2009). Famílias com filhos de casamentos anteriores. In L. C. Osório & M. E. P. Valle (Orgs.), Manual de terapia familiar (pp. 273-285). Porto Alegre: Artmed.
Grandesso, M. A. (2000), Sobre a reconstrução do significado: uma análise epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Hoffman, L. (1998). Setting aside the model in family therapy. Journal of Marital & Family Therapy. 24, 145-156.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2010). Estatísticas do Registro Civil, 37, 1-178.
Levy, L. A. C. (2009). O estudo sobre a guarda compartilhada. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XII, n. 66. Recuperado de http://www.ambito-juridico.com.br/site/ind ex.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6416
Martins, P. P. S., McNamee, S., & Guanaes-Lorenzi, C. (2015). Família como realização discursiva: uma explicação relacional. Nova Perspectiva Sistêmica, 52, 9-24. Recuperado de http://www.revistanps.com.br/index.php/nps/article/view/155
Mcnamee, S., & Gergen, K. J. (Orgs.) (1998). A terapia como construção social. Porto Alegre: Artes Médicas.
Minuchin, S. (1982). Família, funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas.
Morin, E. (1982). Ciência com consciência. Lisboa: Publicações Europa-América.
Oliveira, D., Siqueira, A. C., Dell’Aglio, D. D., & Lopes, R. C. S. (2008). Impacto das configurações familiares no desenvolvimento de crianças e adolescentes: uma revisão da produção científica. Interação em Psicologia, 12(1), 87-98.
Pasley, K. & Garneau, C. (2016). Recasamento e família recasada. In F. Walsh (Org.), Processos normativos da família: diversidade e complexidade (pp. 149-171). Porto Alegre: Artmed.
Rocha, A. P. R. R. (2015). O padrasto na família recasada: uma análise da produção acadêmica brasileira. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Universidade Federal de Alagoas. Maceió. Recuperado de http://www.ufal.edu.br/unidadeacademica/ip/pos-graduacao/mestrado-em-psicologia/dissertacoes/2015/adriana-pitta-ramos-rocha-o-padastro-na-familia-recasada-uma-analise-da-producao-academica-brasileira.
Saccu, C. & Montinari, G. (1995). As crianças, pequenos Ulisses entre Cila e Caribde. In M. Andolfi, C. Angelo, & C. Saccu (Orgs.), O casal em crise (3ª ed., pp.183-192) São Paulo: Summus.
Saraiva, C. A. (2013) Ser padrasto em famílias recompostas: os desafios da pluriparentalidade. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ. Recuperado de http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/1111664_2
_completo.pdf.
Saraiva, C. A., Levy, L., & Magalhães, A. S. (2014). O lugar do padrasto em famílias recompostas. Barbarói, 41, 82-99.
Serafim, A. P., Saffi, F., Achá, M. F. F., & Barros, D. M. (2011). Dados demográficos, psicológicos e comportamentais de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual. Revista de Psiquiatria Clínica, 38(4), 143-147.
Silva, I. A. G. (2013). A nova Lei do Divórcio e a extinção tácita da separação judicial. In Âmbito Jurídico, XVI, 112. Recuperado de http://ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13276&revista_caderno=14
Silva, P. O. M., Trindade, Z. A., & Silva, A. (2012). As representações sociais de conjugalidade entre casais recasados. Estudos de Psicologia, 17(3), 435-443. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-294X2012000300012
Soares, L. C. E. C. (2009). “No fogo cruzado”: desafios e vivências de pais e mães recasados. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, RJ. Recuperado de http://livros01.livrosgratis.com.br/cp079533.pdf
Soares, L. C. E. C. (2012). “Você não é meu pai!”: atribuições de padrastos e madrastas em famílias recasadas após separação conjugal. Estudos e Pesquisas em Psicologia (UERJ), 12(1), 319-326.
Souza, R. M. (2000). Depois que mamãe e papai se separaram: um relato dos filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(3), 203-211.
Souza, R. M. & Ramires, V. R. (2006). Amor, casamento, família, divórcio... e depois, segundo as crianças. São Paulo: Summus.
Travis, S. (2003) Construções familiares: um estudo sobre a clínica do recasamento. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ.
Trindade, L. C., Linhares, S. M. G. M., Vanrell, J., Godoy, D., Martins, J. C. A., & Barbas, S. M. A. N. (2014). Violência sexual infantil e vulnerabilidade. Revista da Associação Médica Brasileira, 60(1), 70-74.
Valentim de Sousa, D. H. A., & Dias, C. M. S. B. (2014). Recasamento: percepções e vivências dos filhos do primeiro casamento. Estudos de Psicologia (Campinas), 31(2), 191-201. https://dx.doi.org/10.1590/0103-166X2014000200005
Vasconcellos, M. J. E. (2010). Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência (9ª ed.). Campinas, SP: Papirus.
Wagner, A. (2002). Possibilidades e potencialidades da família: a construção de novos arranjos a partir do recasamento. In Família em cena: traumas, dramas e transformações (pp. 23-38). Petrópolis, RJ: Vozes,
Wagner, A., Ribeiro, L. S., Arteche, A. X., & Bornholdt, E. A. (1999). Configuração familiar e o bem-estar psicológico dos adolescentes. Psicologia: Reflexão e Crítica, 12(1), 147-156.
Wallerstein, J. & Kelly, J. (1998). Sobrevivendo à separação: como pais e filhos lidam com o divórcio. Porto Alegre: Artmed.
Wallerstein,J., Lewis, J., & Blakeslee, S. (2002). Filhos do divórcio. São Paulo: Edições Loyola.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho licenciado simultaneamente sob uma Licença Creative Commons Attribution após a publicação, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).