O modo de enlutamento na contemporaneidade e o aporte do construcionismo social

Autores

  • Ivânia Jann Luna Doutoranda em Psicologia – Departamento de Psicologia – Programa de Pós-Graduação em Psicologia – Laboratório de Psicologia da Saúde, Família e Comunidade. Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

luto, perda, pesar, construcionismo social, enlutamento

Resumo

O objetivo do presente ensaio teórico é problematizar o modo de enlutamento na contemporaneidade, que pautado na visão da individualização do enlutamento e a privatização do sofrimento diante de uma perda de alguém ou de algo significativo, invisibilizam a participação das redes sociais significativas no processo de elaboração da mesma. Inseridos na perspectiva do construcionismo social, analisa-se o processo histórico e cultural no enfrentamento da morte e do luto e por sua vez, resgatam-se as concepções contemporâneas de enfrentamento da perda, nas quais se observa a incorporação de diferentes dimensões para além do olhar individual ou intrapsíquico. Evidencia-se a necessidade de uma concepção ampliada e construcionista da experiência da perda que se sustente, tanto no reconhecimento da intersubjetividade quanto da pluralidade e singularidade das narrativas construídas em torno da temática do luto.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Ariés, P. (1981). O homem diante da morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves.

Bowen, M. (1998). A reação da família à morte. In F. Walsh, & M. McGoldrick (orgs.). Morte na família: sobrevivendo às perdas (pp.105-117). Porto Alegre: Artmed.

Bonano, G. A. Boerner, K. & Wortamn, C. B. (2008). Trajetories of grieving. In M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut., & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 287-308). Washington: American Psychological Association.

Bowlby, J. (1961). Processes of mourning. The International Journal of Psycho-analysis, 13(4/5), 317-340.

Bowlby, J. (1990). Formação e rompimento dos laços afetivos. São Paulo: Martins Fontes.

Breen, L. J., & O’Connor, M. (2010). Acts of resistance: breaking the silence of grief following traffic crash fatalities. Death studies, 34, 30-53.

Cerveny, C. M. O., & Berthoud, C. M. E. (2002). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo: Casa do Psicólogo.

D’Orio, R. T. (2010). Histórias de fins, histórias sem fins... um estudo sobre rituais no processo de luto. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica). Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, Brasil.

Durkhein, E. (1982). O suicídio: um estudo sociológico. Rio de Janeiro: Zahar Editores

Engel, G. L. (1963). Is grief a disease? A challenge for medical research. Psychosomatic Medicine, 23(1), 18-22.

Fernandes da Silva, M. G., & Muniz, M. G. (2011). Terapia involuntária de pais enlutados em busca da adoção: contribuições do construcionismo social. Nova Perspectiva Sistêmica, XX(39), 24-40.

Foot, C. E., & Frank, A. W. (1999). Foucault and therapy: the disciplining of grief. In: Chambon, A. Irving, A. & Epstein, M. (org.). Reading Foucault for social worker (pp. 158-187). Nova York: Columbia University Press.

Franco, M. H. P. (2010). Por que estudar o luto na atualidade? In: M. H. P.

Franco (org.). Formação e rompimento de vínculos: o dilema das perdas na atualidade (pp.17-42). São Paulo: Summus Editorial.

Franco, M. H. P. (2002). Uma mudança de paradigma sobre o enfoque da morte do luto na contemporaneidade. In: M. H. P. Franco (org.). Estudos avançados sobre o luto (pp. 15-38). São Paulo: Editora Livro Pleno.

Freud, S. (1917/1974). Luto e melancolia. Rio de Janeiro: Imago.

Gergen, K. J., & Gergen, M. (2010). Construcionismo social: um convite ao diálogo.Rio de Janeiro: Instituto Noos.

Fujisaka, A. P. (2009). Vivência de luto em adultos que perderam a mãe na infância. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Kastenbaum, R. (2008). Grieving in contemporary society. In: M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut. & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 67-86). Washington: American Psychological Association.

Koury, M. G. P. (2003). Sociologia da Emoção: o Brasil urbano sob a ótica do luto. Petrópolis: Vozes.

Kübler-Ross, E. (1997). Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes.

Lazarus, R., & Folkmann, S. (1984). Stress, appraisal, and coping. Nova York: Springer.

Lindemann, E. (1944). Symptomatology and management of acute grief. The American Journal of Psychiatry, 101(2), 141-148.

McGoldrick, M. (1998). Um tempo para chorar: a morte e o ciclo de vida familiar. In: F. Walsh, & M. McGoldrick (orgs.). Morte na família: sobrevivendo às perdas (pp. 56-75). Porto Alegre: Artmed.

Minuchin, S. (1990). Família, funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artmed. Nadeau, J. W. (1998). Families making sense of death. Thousand Oaks: Sage Publications.

Nadeau, J. W. (2008). Meaning-making in bereaved families: assessment, intervention ad future research. In: M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut, & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 511-530). Washington: American Psychological Association.

Neimeyer, R. A. (2001). Meaning reconstruction and the experience of loss. Washington: American Psychological Association.

Parkes, C. M. (1988). Bereavement as a psychosocial transition: processes of adaptation to change. Journal of Social Issues, 44 (3), 53-65.

Parkes, C. M. (1996). Estudos sobre o luto na vida adulta. São Paulo: Summus Editorial.

Parkes, C. M. (2009). Amor e perda: as raízes do luto e suas complicações. São Paulo: Summus Editorial.

Prigerson, H., Vanderwerker, L., & Maciejewski, P. (2008). A case for inclusion of prolonged grief disorder in DSM-V. In: M. Stroebe, R. Hansson & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 165-186). Washington: American Psychological Association.

Rando, T. (1993). Treatment of complicated mourning. Champaign: Research Press.

Rangel, A. P. F. N. (2005). Do que foi vivido ao que foi perdido: o doloroso luto parental. Tese (Doutorado em Psicologia). Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.

Rasera, E., & Japur, M. (2007). Grupo como construção social: aproximações entre construcionismo social e terapia de grupo. São Paulo: Editora Vetor.

Rosemblatt, P. C. (2001). A social construcionist perspective on cultural differences in grief. In: M. Stroebe, R. Hansson, & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research. Consequences, coping and care (pp. 207-222). Washington: American Psychological Association.

Rosemblatt, P. C. (2008). Grief across culture: a review. In M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut, & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 285-300). Washington: American Psychological Association.

Rothaud, J., & Becker, K. (2007). A literature review of western bereavement theory: from decathecting to continuing bonds. The Family Journal: counseling and therapy for couples and families, 15(1), 6-15.

Shapiro, E. (1994). Grief as a family process: a developmental approach to clinical practice. Nova York: The Guildford Press.

Sluzki, C. E. (1997). A rede social na prática sistêmica: alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Stroebe, M., & Stroebe, W. (1994). Bereavement and health: the psychological and Physical consequences of partner loss. Cambridge, UK: Cambridge University Press.

Stroebe, M., & Schut, H. (1999). The dual process model of coping with bereavement: rationale and description. Death Studies, 23, 197–224.

Stroebe, M., Hansson, R., Schut, H., & Stroebe, W. (2008). Bereavement research: 21st-Century Prospect. In: M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut, & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 577-603). Washington: American Psychological Association.

Stroebe, M., Gergen, M., Stroebe, W., & Gergen, K. (1992). Broken hearts or broken bonds: love and death in historical perspective. American Psychologist, 47(10), 1205-1212.

Walter, T. (1997). A secularização. In: C. M. Parkes, P. Laungani, & B. Young. Morte e luto através das culturas (pp. 195- 220). Lisboa: Climepsi Editores.

Walter, T. (2000). Grief narratives: the role of medicine in the policing of grief. Antropology & Medicine, 7(1), 97-114.

Walter, T. (2006). What is complicated grief? A social construcionist answer. Omega, 52(1), 71-79.

Walter, T. (2008). The new public mourning. In M. Stroebe, R. Hansson, H. Schut & W. Stroebe (org.). Handbook of bereavement research and practice advanced in theory and intervention (pp. 241-262). Washington: American Psychological Association.

Walsh, F., & McGoldrick, M. (1998). A perda e a família: uma perspectiva sistêmica. In F. Walsh, & M. McGoldrick (Orgs.). Morte na família: sobrevivendo às perdas (pp.27-55). Porto Alegre: Artmed.

Wambach, J. (1985). The grief process as a social construct. Omega, 16(3), 201-211.

White, M. (1988). Saying hullo again: the incorporation of lost relationship in the resolution of grief. Dulwich Centre Newsletter, 7-11.

Downloads

Publicado

07/04/2016

Como Citar

Luna, I. J. (2016). O modo de enlutamento na contemporaneidade e o aporte do construcionismo social. Nova Perspectiva Sistêmica, 22(46), 20–35. Recuperado de https://revistanps.com.br/nps/article/view/111

Edição

Seção

Artigos